O Brasil, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, enfrenta um paradoxo intrigante: apesar de ser autossuficiente na produção de petróleo bruto, ainda depende significativamente da importação de derivados como gasolina, diesel e GLP. Este cenário se deve à capacidade limitada de refino do país, que não acompanha o ritmo de crescimento da produção e do consumo.
A produção nacional de petróleo atingiu uma média diária de 3 milhões de barris, superando a demanda interna de 2,5 milhões de barris por dia. No entanto, as refinarias brasileiras, responsáveis por processar o petróleo bruto, têm uma capacidade de refino estagnada em torno de 2,3 milhões de barris diários desde 2015. Este déficit de capacidade de refino obriga o Brasil a importar derivados para suprir a demanda interna.
Para alcançar a autossuficiência também em derivados, o Brasil precisa investir significativamente na expansão e modernização de suas refinarias. Estima-se que seriam necessários R$ 120 bilhões em novos investimentos para aumentar a capacidade de refino. A Petrobras, que detém 75% do mercado de refino no país, tem reduzido seus investimentos no setor, o que torna crucial a participação de investidores privados para preencher essa lacuna.
Além dos desafios econômicos, a localização geográfica das refinarias também impacta a eficiência do abastecimento. A maioria das unidades está concentrada na região leste do país, deixando áreas como o Centro-Oeste e o Norte dependentes de importações, que muitas vezes são mais econômicas do que o transporte interno.
A busca pela autossuficiência em derivados de petróleo é um objetivo estratégico para o Brasil, não apenas para reduzir a evasão de divisas, mas também para fortalecer a segurança energética e a soberania nacional. Com investimentos adequados e uma gestão eficiente, o país pode transformar este desafio em uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento sustentável.