A fumaça espessa de incêndios florestais tem envolvido extensas áreas da Amazônia brasileira, afetando a qualidade do ar para milhões de pessoas. Em Manaus, uma cidade de 2 milhões de habitantes, a qualidade do ar está entre as piores do mundo, levando à suspensão de aulas universitárias e ao cancelamento de várias atividades, incluindo uma maratona internacional1. Nos primeiros 11 dias de outubro, o estado do Amazonas registrou mais de 2.700 incêndios, o maior número para o mês desde que o monitoramento oficial começou em 19981.
A maioria dos incêndios é causada por ações humanas, principalmente para desmatamento ou limpeza de pastagens1. Nas últimas seis semanas, Manaus e outras cidades do estado do Amazonas têm sido periodicamente cobertas por fumaça espessa, tornando difícil a respiração1. O índice de qualidade do ar da cidade oscilou entre níveis insalubres e perigosos nos últimos dois dias, assemelhando-se às condições em algumas grandes áreas metropolitanas asiáticas1.
A crise tem sido vinculada às mudanças climáticas e tem deixado os pesquisadores pessimistas sobre o futuro da Amazônia. “Tem sido muito doloroso, tanto física quanto emocionalmente, acordar com a cidade coberta de fumaça, experimentar temperaturas extremas que ultrapassam os 40 graus Celsius e acompanhar as notícias de que as águas dos rios estão desaparecendo”, disse Mônica Vasconcelos, pesquisadora de percepção climática na Universidade do Estado do Amazonas1.